de repente, digo-te:
como se para mim fosse apenas ter-te (ainda que apenas aqui) e este reflexo fosse o meu-teu acto reflexivo – ou instintivo estarmos sós.
esta pintura – é o estado entre a busca de ti em mim mesmo e este querer chegar ao fundo de mim para encontrar o comum entre toda a gente: para ser sociável.
amo, penso, quero, desejo gosto de.
Sonho: fujo deste mito que sem querer te fantasiava como um dia.
e este entre perseguição (coerciva de ti) entre pasmo espectante e cobarde (coercivo de mim) é o que entretanto nos une e nos separa – nos liga por procura necessária, urgente, nos separa por estiolante compromisso destruidor de cada um.
da necessidade de ter de ser assim
à inutilidade de ser assim
resta o substrato sociável imperfeito que ainda somos – ou a frustração incompleta que nem sempre poderemos sublimar só em tempo junto.
à irene
«e a pintura, esta pintura, como procura do estado latente de verdade instintiva, comum.
os espaços os silêncios a essência enfim entre um gestualismo criador inconscientemente ainda burguês no acto de expor e a destruição em hipóteses implicitamente proposta para uma anticultura (a inalienada arte futura de que talvez nem possamos ser primitivos – apenas videntes).
Ou ainda os gritos, os ecos de gritos, o dizer às pessoas da necessidade de ser preciso precisar-se (se precisam) as outras pessoas: e que isso desfará necessariamente uma estrutura total e recriará um novo campo diverso de valores, de consciência, de ética, de filosofia; de estética – de sociedade.
Sentir-se essa necessidade (saber-se a própria limitação) e projectar-se em futuro numa esperança materializável de amanhã.
Sobretudo saber-se energético (dialogante) futurizável.
acreditar-se no futuro e sobretudo que cada passo é válido em si por equivalência de toda a experimentalidade (e por dialéctica em progresso – ou a sua hipótese de transformação em progresso): até quando se possa ser tomado à priori como caminho estéril ou lateralizado do socialismo futuro que temos de construir.
SEM SENSO
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MARIA TEREZA BRAZ
SEM SENSO
Sabes Teresa
minha vizinha ,
tu que te entreténs
a alimentar as pombas
todas as manhãs,
não podes também saciar
os gatos v...
Há 4 anos
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