sexta-feira, 27 de novembro de 2009

1973 – in catálogo da exposição – Galeria de «O Primeiro de Janeiro» - Porto.

Nem correntes. Nem escolas. Nem situações de comprometimento limitativo. A liberdade de ser eu desde o primeiro passo deste caminhar sozinho por entre a minha solidão e a solidão dos outros, da sociedade de pontes quebradas na angústia de não saberem nem poderem falar com os outros. O reflexo, apenas o reflexo, dessa gente que eu vejo a cair à minha volta lentamente sem uma mão que se lhe estenda. O ruir das coisas ou as coisas que se estabilizam como fantasmas. O meu mundo e o mundo dos outros, as paredes de um frio em que se esbarra. A liberdade que não é, e também a mulher: a mulher símbolo, a mulher amor, a mulher dos barcos perdidos ou da cama alugada, das poesias com quinze anos ou a que passou em qualquer parte. De qualquer modo, a procura de ser eu, de dizer eu – e vós lá – mesmo através da hora líquida das cidades ou dos cemitérios onde até há flores de plástico.

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