sexta-feira, 27 de novembro de 2009

1974 – in catálogo – Cooperativa Árvore – Porto

de repente, digo-te:


como se para mim fosse apenas ter-te (ainda que apenas aqui) e este reflexo fosse o meu-teu acto reflexivo – ou instintivo estarmos sós.

esta pintura – é o estado entre a busca de ti em mim mesmo e este querer chegar ao fundo de mim para encontrar o comum entre toda a gente: para ser sociável.

amo, penso, quero, desejo gosto de.

Sonho: fujo deste mito que sem querer te fantasiava como um dia.

e este entre perseguição (coerciva de ti) entre pasmo espectante e cobarde (coercivo de mim) é o que entretanto nos une e nos separa – nos liga por procura necessária, urgente, nos separa por estiolante compromisso destruidor de cada um.

da necessidade de ter de ser assim

à inutilidade de ser assim

resta o substrato sociável imperfeito que ainda somos – ou a frustração incompleta que nem sempre poderemos sublimar só em tempo junto.



à irene



«e a pintura, esta pintura, como procura do estado latente de verdade instintiva, comum.

os espaços os silêncios a essência enfim entre um gestualismo criador inconscientemente ainda burguês no acto de expor e a destruição em hipóteses implicitamente proposta para uma anticultura (a inalienada arte futura de que talvez nem possamos ser primitivos – apenas videntes).

Ou ainda os gritos, os ecos de gritos, o dizer às pessoas da necessidade de ser preciso precisar-se (se precisam) as outras pessoas: e que isso desfará necessariamente uma estrutura total e recriará um novo campo diverso de valores, de consciência, de ética, de filosofia; de estética – de sociedade.

Sentir-se essa necessidade (saber-se a própria limitação) e projectar-se em futuro numa esperança materializável de amanhã.

Sobretudo saber-se energético (dialogante) futurizável.

acreditar-se no futuro e sobretudo que cada passo é válido em si por equivalência de toda a experimentalidade (e por dialéctica em progresso – ou a sua hipótese de transformação em progresso): até quando se possa ser tomado à priori como caminho estéril ou lateralizado do socialismo futuro que temos de construir.

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